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Vida e morte de Maria de Lourdes Cajueiro, a parteira de Teixeira de Freitas

16/05/2019 - 07h30Por: Sulbahianews/Siara Oliveira

Nascida em Juerana, distrito de Caravelas, em 20 de agosto de 1929, Maria de Lourdes Cajueiro morreu aos 76 anos, em Teixeira de Freitas, onde morava com a família.

Maria, mãe de 13 filhos, se casou em 1952, em Helvécia, distrito de Caravelas, com Isael de Freitas Correia. Após o casamento, foram morar no então povoado de Mandiocal, hoje, a cidade de Teixeira de Freitas.

Católica praticante e dedicada, Maria participava de todos os eventos religiosos na igreja de São João da Mata, santo padroeiro do povoado de Juerena.

Já morando em Teixeira, Maria continuou com suas atividades religiosas prestando serviço à comunidade de São Benedito, na Fazenda Nova América, pertencente à família de seu esposo, onde era responsável pelas vestes de crianças que simbolizavam os anjos nos preparativos para visitação de padres àquela comunidade.

Também auxiliava a senhora Ana de Torquato na realização dos festejos e missas de São Sebastião, no Centro do povoado, durante o mês de janeiro.

Suas atividades na comunidade iam além dos preparativos e ornamentações para eventos religiosos. Durante 30 anos, exerceu a função de parteira, onde, utilizando de todos os meios de transporte, realizou mais de mil partos. Ela também era chamada para cuidar de doentes, e aplicava os seus conhecimentos de enfermagem e homeopatia adquiridos ao longo de sua vida, não exigindo nada em troca.

Tudo era feito com muito amor, como contou ao Sulbahianews o seu filho Domingos Cajueiro, policial rodoviário federal. Naquela época, um médico demorava três meses para visitar o povoado e, neste intervalo de tempo, Maria de Lourdes cuidava dos enfermos com remédios naturais.

Maria de Lourdes fazia acompanhamento às gestantes daquela época, como foi o caso da senhora Maria Antônia Conceição Pereira, que nasceu e cresceu em uma “floresta”, há dois quilômetros do batalhão da polícia da cidade, às margens do rio Itanhém.

A senhora Maria Antônia concedeu uma entrevista a Daniel Rocha, do site Tirabanha, onde descreveu a sua primeira gravidez, em 1973.

A dor do parto veio durante a noite, e Maria de Lourdes morava há duas horas do local, chovia muito. A dona Maria Antônia lembrou que seu pai foi buscar a parteira, andando por uma estradinha na mata, usando um candeeiro na mão para iluminar a passagem.

Foi uma noite difícil, contou a senhora Maria ao Tirabanha. A parteira foi atender ao chamado se cobrindo com lençol e uma toalha de banho, tremendo de frio, até chegar ao local onde realizaria o parto.

Maria de Lourdes acompanhava a criança até o sétimo dia após o nascimento, dando orientações de cuidados, dando banho na criança e cuidando do umbigo com azeite de mamona, até que caísse.

Em memória de Maria de Lourdes, em junho de 2006, o então prefeito João Bosco Bitencourt inaugurou o Posto de Saúde do bairro Caminho do Mar, com uma homenagem a parteira e enfermeira popular que realizou partos em toda a região dos bairros Nova América e Caminho do Mar.


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Coluna
Fatos Históricos

Domingos Cajueiro Correia, de 65 anos, é o primeiro policial rodoviário a se formar no município. Ele faz parte de uma família que leva consigo a história de Teixeira de Freitas, desde quando era um pequeno povoado até a sua criação, e que contribuiu para o desenvolvimento do município. Hoje, além de atuar nas rodovias, ele dedica seu tempo para contar relatos narrados por seus familiares. Aproveitem este espaço que vai mostrar curiosidades que muitos teixeirenses desconhecem.

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