históricos
Vendidas até em supermercados: como era fácil comprar armas em Eunápolis
Que no Brasil se mata mais do que na guerra da Síria, isso não é novidade para ninguém. Embora nosso País não vive em guerra civil, como no caso da nação árabe, os números beiram ao de um conflito bélico de grandes proporções. Entre os anos de 2001 a 2015, houve no Brasil 786.870 assassinatos, sendo que 70% com uso de armas de fogo; isso em um país onde existem severas leis de restrição ao porte de arma. Contudo, isso não deve causar estranheza, pois o desarmamento somente atinge o porte legal, enquanto que o mercado negro se mantém intocável e funcionando a todo vapor.
Embora, hoje, o comércio ilegal de armas de fogo é algo feito na surdina, por conta da política de desarmamento; houve um tempo em que comprar uma arma era tão fácil quanto comprar um sabão em pó no supermercado. E não se trata de nenhum exagero, de fato, era assim que funcionava em cidades como na Eunápolis dos anos 80.
Em uma reportagem publicada na edição nº 685, da revista Veja, em 21 de outubro de 1981, intitulada “Bahia Zona Perigosa”, o jornalista Roberto Fernandes, de Eunápolis, descreveu a facilidade para a compra de armas e munições no município.
Na época, a Rádio Jornal divulgava a cada cinco minutos o comercial do supermercado Amigão, que vendia “sabonetes, alimentos, utensílios domésticos e armas de todos os tipos”. Em uma das fotos publicadas na matéria da Veja, pode-se ver um morador de Eunápolis exibindo sem qualquer receio uma carabina Winchester, conhecida popularmente como “papo amarelo”. Assim como os traficantes de armas de hoje em dia, não era necessária carteira de identidade para efetuar a compra; como disse o gerente da seção de armas do supermercado, Jaime Santos: “Não quero nem saber o nome do comprador”.
Este contraste entre o passado e o presente impressiona quem vive numa época em que a burocracia para se comprar uma arma legal se estende por meses a fio. Isso mostra o quanto as coisas podem mudar.