Tráfico e abuso sexual de crianças: denúncias de exploração infantil na Ilha de Marajó chocam o país
A denúncia feita pela cantora paraense Aymeê durante sua participação no reality show gospel “Dom Reality”, transmitido no Youtube, trouxe à tona uma realidade estarrecedora que assola a Ilha de Marajó, no Pará. Durante sua apresentação na última sexta-feira, 16 de fevereiro, a artista expôs uma situação alarmante que há tempos assombra a região: o tráfico e abuso sexual de crianças.
Segundo Aymeê, natural da região, a ilha, situada a poucos minutos de Belém, é marcada por um cenário de pobreza extrema, o que contribui para a vulnerabilidade das crianças. Relatos perturbadores indicam que o tráfico de órgãos é uma realidade sinistra, além da presença de casos de pedofilia em níveis alarmantes. A cantora descreveu que crianças a partir de 5 anos são levadas a se prostituírem por quantias irrisórias, muitas vezes dentro de embarcações turísticas que visitam a região.
Aymeê não é a primeira a trazer à tona essa problemática. Em 2006, a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados iniciou uma investigação sobre os casos de exploração infantil na ilha. Documentos revelaram o envolvimento de políticos locais nos crimes, com aliciadores levando crianças para serem exploradas em outras localidades, incluindo a capital paraense e até mesmo a Guiana Francesa.
Em 2022, a ex-ministra da Mulher, Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, também denunciou a exploração na ilha durante um culto evangélico, alegando inclusive que crianças teriam dentes removidos para facilitar os abusos sexuais. Suas declarações geraram polêmica, com autoridades do Pará exigindo provas que não foram fornecidas. Posteriormente, procuradores da República solicitaram uma ação civil pública contra a ministra e a União, buscando indenizar a população de Marajó por disseminar informações falsas.
Atualmente, a Ilha de Marajó conta com o Programa Cidadania Marajó, implementado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, que visa combater a exploração e o abuso sexual de crianças e adolescentes na região. No entanto, as denúncias recentes reforçam a urgência de medidas efetivas para enfrentar essa realidade alarmante.
O reality show “Dom Reality”, onde Aymeê fez sua denúncia, é uma produção transmitida pelo Youtube, surgida em 2022 com o objetivo de revelar talentos da música gospel. Produzido por Tiago Stachon e Paulo Alberto, em parceria com a EAD Unicesumar, a produtora Multiforme Filmes e a plataforma de streaming Deezer, o programa se destaca como o primeiro reality gospel do Brasil.
Nas redes sociais, a comoção diante das acusações feitas por Aymeê é evidente, com muitos internautas clamando por uma ação efetiva das autoridades para investigar e combater a exploração infantil na Ilha de Marajó.