ambiental
Roubos de ovos de tartarugas marinhas preocupam autoridades em Alcobaça
Ninhos de tartarugas marinhas tornaram-se alvo de uma onda preocupante de roubos em Alcobaça. Pelo menos oito pontos de desova foram alvos dessa prática criminosa, levando à perda de centenas de ovos dessas espécies ameaçadas.
A principal suspeita das autoridades é de que os ovos estão sendo furtados para abastecer o comércio clandestino de consumo humano. Relatos indicam que uma dúzia de ovos de tartaruga está sendo comercializada por cerca de R$ 15,00, um incentivo perverso para a atividade ilegal. Considerando que cada ninho costuma conter em média 120 ovos, o impacto desses roubos sobre a população desses animais é alarmante.
Embora a espécie mais comum na região seja a tartaruga cabeçuda, todas as cinco espécies presentes estão ameaçadas de extinção. O período de reprodução das tartarugas marinhas ocorre entre os meses de setembro e março, o que torna esses momentos ainda mais cruciais para a preservação da espécie.
Marcello Lourenço, analista ambiental do Centro Tamar do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), ressaltou que o extremo sul baiano é uma das regiões mais afetadas por esse tipo de crime ambiental. “Nessa temporada reprodutiva das tartarugas marinhas, 40% dos ninhos foram furtados, em Alcobaça, com ninhada inteira levada pelos criminosos”, afirmou Lourenço.
A situação é ainda mais alarmante quando se considera que os roubos não se limitam à noite. Railda Neves, fiscal ambiental, relatou ter testemunhado uma ação criminosa durante o dia, onde um ninho foi violado e todos os ovos foram levados apenas duas horas após a desova ter ocorrido.
Diante desse cenário, esforços estão sendo feitos para proteger os ninhos remanescentes. Um berçário improvisado foi montado em um espaço cedido pela Prime SeaFood, uma empresa de pescados localizada na beira da praia em Alcobaça. No entanto, mesmo essas medidas de proteção não têm sido totalmente eficazes, com relatos de mais ninhos sendo violados mesmo dentro do berçário.
A Polícia Civil está investigando os roubos, e o delegado substituto Kleber Gonçalves enfatizou que mexer nos ninhos já é considerado crime, especialmente se seguido pela subtração e venda dos animais.
Na tentativa de combater esse crime ambiental e proteger essas espécies vulneráveis, uma reunião foi realizada na última quarta-feira, 28 de fevereiro, reunindo representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça, do Centro Tamar ICMBio e da Polícia Militar. O objetivo foi discutir estratégias para enfrentar essa grave ameaça à biodiversidade local e garantir a sobrevivência das tartarugas marinhas em Alcobaça, Bahia.