Entenda

Policial militar suspeito de matar indígenas usa direito de ficar em silêncio

31/01/2023 - 08h30Por: RadarNews

O policial militar suspeito de participar do duplo homicídio de dois indígenas na BR-101, usou o direito de permanecer em silêncio no depoimento que prestou ao delegado Moisés Damasceno, na noite desta segunda-feira, 30 de janeiro, na sede regional da Polícia Civil, em Eunápolis.

Com prisão temporária decretada pela Justiça de Itabela na semana passada, o soldado Laércio Maia Santos, 31 anos, lotado na 87ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), em Teixeira de Freitas, se entregou à polícia a manhã desta segunda. O nome do suspeito não foi divulgado pela polícia, mas a reportagem do site Radar obteve a informação com uma fonte.

Logo após a oitiva, o suspeito — que integra os quadros da PM baiana há sete anos e também prestava serviço de segurança privada a um fazendeiro da região —, passou por exame de corpo de delito no Departamento de Polícia Técnica e depois foi transferido para o Batalhão de Choque da Polícia Militar em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador.

Polícia procura carro do PM

Ao site Radar, o delegado Moisés Damasceno, que coordena as investigações, informou que o carro usado no crime ainda não foi localizado. O acusado teria escondido o veículo Toyota SW4, cor prata, placa OLD087, quando percebeu ser alvo das investigações. A polícia salienta que informações sobre o paradeiro do automóvel poderão ser repassadas para o telefone 181, o qual é o disque-denúncia da Secretaria da Segurança Pública da Bahia.

PM foi homenageado pela Câmara

Ano passado, o soldado Láercio Maia foi homenageado pela Câmara Municipal de Teixeira de Freitas com uma Moção de Congratulação. A indicação foi feita pelo vereador Ubiratan Lucas Rocha Matos, o Lucas Bocão.

Emboscada

Os pataxós Nawir Brito de Jesus, 16 anos, e Samuel Cristiano do Amor Divino, 26, foram alvejados, no fim da tarde de terça-feira, 17, no distrito de São João do Monte, entre os municípios de Itabela e Itamaraju. As vítimas estavam em uma moto e iam comprar comida.

Logo após a prisão do policial, Gevanir Brás Brito do Amor Divino, 57, mãe do pataxó Samuel, enviou um vídeo à redação do Radar pedindo justiça.

“Não estou conseguindo dormir à noite. Quero que a morte dele não seja em vão. Acredito que o policial não agiu sozinho”, disse ela, com o filho de Samuel, de um ano e meio, no colo.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa do policial investigado.

Caso teve repercussão

O crime repercutiu no Brasil e no exterior. No Ministério dos Povos Indígenas, em Brasília, a titular da pasta, Sônia Guajajara, atribuiu a violência ao conflito por terra e instalou um gabinete de crise para acompanhar o caso. Já o governador Jerônimo Rodrigues determinou que a Secretaria da Segurança Pública implantasse a Força Integrada (FI) de Combate a Crimes Comuns envolvendo Povos e Comunidades Tradicionais.

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