Ninhos de tartarugas são monitorados em Alcobaça após roubos de ovos em pontos de desova
Ninhos de tartarugas estão sendo monitorados em Alcobaça, depois que ovos foram roubados em pelo menos oito pontos de desova neste verão. A espécie cabeçuda é a mais encontrada na região, mas todas estão ameaçadas de extinção.
Segundo o analista ambiental do Centro Tamar do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Marcello Lourenço, as tartarugas têm tido dificuldades para chegar na fase adulta. Das cinco espécies encontradas no Brasil, todas estão ameaçadas de extinção.
A desova de algumas dessas espécies ocorre no extremo sul do estado.
“Na divisa do Espírito Santo com Mucuri até o Rio Corumbau, em Prado, é considerado uma área prioritária de desova”, explicou Marcello Lourenço.
O período de reprodução das tartarugas marinhas vai de setembro a março. Cada ninho tem uma média de 120 ovos.
Em Alcobaça, os ninhos de tartarugas da espécie cabeçuda começaram a ser monitorados no ano passado. Na área monitorada pela Secretaria de Meio Ambiente do município, dez ninhos já foram identificados, e a luta para a preservação da espécie tem sido grande.
Nessa temporada reprodutiva das tartarugas marinhas aqui em Alcobaça, 40% dos ninhos foram roubados. Em alguns deles todos os ovos foram levados.
“No último, a tartaruga colocou o ovo ao meio-dia, o que foi uma surpresa para a gente, e duas horas da tarde eu já recebi mensagens de que já tinha gente no local. Fui até o local e quando cheguei já tinham violado o ninho e não se encontrava nenhum ovo lá dentro”, contou a fiscal ambiental Railda Neves.
Berçário improvisado
De acordo com o responsável pela base do Centro Tamar do ICMBio, o extremo sul baiano é a região com maior incidência de roubo de ovos de tartarugas.
“Todo litoral brasileiro, em toda área monitorada, uma das regiões que a gente tem grande número de notificações de operação humana é o extremo sul da Bahia”, disse Marcello Lourenço.
Para proteger os ninhos das tartarugas, um berçário improvisado foi montado em um espaço cedido por uma empresa de pescados na beira da praia.
“Todos os quatro ninhos que foram trazidos para o berçário nessa temporada foram ninhos identificados na zona urbana da cidade. Dois deles, quando nós chegamos, já estavam violados e os ovos já tinham sido levados”, afirmou a secretária de Meio Ambiente de Alcobaça, Daiane Mafra.
Agora apenas um ninho permanece no cercado. São 159 ovos sendo protegidos por funcionários da empresa que se tornou parceira.
Roubos são investigados
Os roubos dos ovos de tartarugas foram registrados na Polícia civil, que investiga o crime ambiental.
“O simples fato de mexer nos ninhos já é considerado crime, ainda mais se houver a subtração e depois a venda desses animais”, explicou o delegado substituto Kleber Gonçalves.
Na quarta-feira, 28 de fevereiro, uma reunião com representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Alcobaça, Centro Tamar ICMBio e Polícia Militar foi realizada para discutir o assunto e traçar estratégias para combater o crime ambiental.
“Vamos fazer um plano conjunto, em acompanhamento com a fiscalização que já é feita pela Secretaria de Meio Ambiente, justamente para identificar, coibir e para tornar possível que elas tenham seus ciclos de vida preservado”, disse a comandante da 88ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), major Marion Souza.