Investigação

Motivações políticas e controvérsias? Delegado comenta investigações sobre prisão da ex-diretora do presídio de Eunápolis

24/01/2025 - 16h25Por: Sulbahianews

O delegado Wendel Ferreira, chefe da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, comentou as investigações que resultaram na prisão de Joneuma Silva Neres, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis.

Joneuma, policial penal de 33 anos que ficou conhecida por ser a primeira mulher a dirigir um presídio masculino na Bahia, foi presa na tarde de quinta-feira, 23 de janeiro, em Teixeira de Freitas. A prisão, efetuada na Avenida Getúlio Vargas, próximo ao Banco do Brasil, cumpriu um mandado expedido pela Comarca de Eunápolis, em decorrência das investigações da Delegacia Territorial local sobre a fuga de 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis, ocorrida em 12 de dezembro de 2024.

Em entrevista à TV Santa Cruz, afiliada da Rede Globo, o delegado Wendel Ferreira informou que todo o material apreendido com Joneuma será periciado. “Todo material será enviado para perícia técnica para ser analisado e nós continuaremos dando a devida atenção às investigações, para sabermos se realmente ela tem alguma relação com organização criminosa”, destacou o delegado. Ferreira acrescentou que somente ao final do inquérito policial a polícia apresentará todos os indícios e provas contra os envolvidos na fuga. “As investigações ainda estão na fase inicial, as medidas cautelares, a partir da prisão, visam buscar mais provas que possam corroborar com o nosso inquérito policial e apontar as circunstâncias e a participação de outros envolvidos.”

Nomeação e histórico

A nomeação de Joneuma em março de 2024, com o apoio de Uldurico Junior, ex-diretor da AGERSA na Bahia e ex-deputado federal, representou um marco para a representatividade feminina na segurança pública. Formada em Direito pela FASB e policial penal desde 2016, com experiência no Grupo de Escolta e Operações Penitenciárias (GEOP) e pós-graduações em Direito Penal e Processo Penal, Joneuma possuía um currículo promissor.

A fuga

Na ocasião da fuga, um grupo armado invadiu o presídio, trocou tiros com os seguranças e resgatou 16 presos, entre eles Edinaldo Pereira Souza, o “Dadá”, apontado como líder da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). A ação criminosa foi violenta, resultando na morte de um cão de guarda e utilizando explosivos para danificar estruturas e ferramentas como “corta-frio” para romper as cercas de proteção. Os criminosos abandonaram no local um fuzil calibre 5.56 e dois carregadores com 57 munições.

A prisão e os materiais apreendidos

Durante a abordagem policial que resultou na prisão de Joneuma, foram apreendidos quatro celulares (dois iPhones, um Xiaomi e um Samsung), mais de R$ 8 mil em dinheiro, um caderno de anotações, um power bank e dois chips de celular. O mandado de prisão preventiva contra Joneuma, de número 8000144-03-2025.6.05.0079, foi expedido pela Vara Criminal Júri e Execuções Penais de Eunápolis, com base nos artigos 284 e 351 do Código Penal, visando garantir a ordem pública e a conveniência da instrução criminal.

Controvérsias e alegações da defesa

O Portal Teixeira Urgente publicou, nesta sexta-feira, 24, que fontes próximas à defesa de Joneuma alegam irregularidades no andamento processual. Segundo o portal, o advogado da ex-diretora apresentou uma manifestação em um processo, mas o magistrado teria solicitado um mandado de prisão preventiva em um número de processo distinto, levantando questionamentos sobre a transparência das ações judiciais.

Ainda segundo o Teixeira Urgente, uma fonte ligada ao presídio de Eunápolis, que preferiu o anonimato, sugeriu que a prisão de Joneuma pode ter motivações políticas. A ex-diretora teria solicitado melhorias na segurança do presídio, atualmente gerido por uma empresa terceirizada, sem que as demandas fossem atendidas pela Secretaria de Administração Penitenciária. A fonte também alegou que a gestão terceirizada não estaria sendo investigada, apesar dos graves incidentes ocorridos durante sua administração.

Tentativa de suicídio

Após a prisão, Joneuma foi levada para a sede da 8ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (8ª Coorpin), onde, segundo informações, tentou suicídio na carceragem. Ela foi prontamente socorrida e encaminhada para exame pericial antes de ser transferida para o Conjunto Penal de Teixeira de Freitas.

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