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Mandioca: a raiz que sustenta famílias e tradições nas comunidades alcobacense
A mandioca, planta perene e arbustiva da família das Euforbiáceas, é uma das culturas mais importantes para a agricultura familiar no Brasil. Na região Nordeste, ela ocupa um lugar de destaque, sendo fonte de sustento e renda para inúmeras comunidades. No Extremo Sul da Bahia, especialmente na cidade de Alcobaça, as chamadas “casas de farinha” representam não apenas uma atividade econômica, mas também um símbolo de herança cultural e familiar.
Casas de farinha: tradição indígena que gera renda
A produção de farinha e seus derivados é uma atividade artesanal que remonta às práticas dos povos indígenas. Atualmente, grande parte da produção de mandioca vem de pequenas propriedades rurais, onde as famílias preservam técnicas tradicionais. Em Alcobaça, as casas de farinha são uma importante fonte de renda para as comunidades rurais, garantindo o sustento de gerações.
O artigo CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE PRODUÇÃO EM CASAS DE FARINHA NO
MUNICÍPIO DE ALCOBAÇA, EXTREMO SUL DA BAHIA, publicado pelo Centro de Pesquisa do Cacau, em Ilhéus, mostra uma pesquisa realizada em 2018 revelou que 50% da população envolvida nessa atividade seguiu o ofício por tradição familiar, evidenciando como o cultivo da mandioca está profundamente enraizado na cultura local.
A Comunidade Bom Jesus é um exemplo desse legado: formada por 22 famílias associadas, a comunidade produz mensalmente cerca de 300 sacos de farinha, além de derivados como goma, beiju, puba e massa fresca.
Histórias de vida marcadas pela mandioca
O senhor Laurindo de Jesus, de 73 anos, é um moradores mais antigos da Comunidade Bom Jesus, com mais de 40 anos dedicados ao cultivo da mandioca. Ele relembra os desafios enfrentados no início: “Aqui era tudo mata. A roda de ralar mandioca era do braço só, a prensa era toda fraquinha, e aí começou. O que eu fazia era para mim. E eu e meus filhos. E aí foi levando a vida até nessa data agora. Estou com 73 anos.”
Laurindo é pai de Luciene que recentemente, após 25 anos juntos, oficializou sua união com Clausemir. Durante esse período, criaram seus três filhos com a renda obtida do cultivo da mandioca. Ele expressou sua alegria ao ver a filha casada e mantendo a tradição familiar: “Para mim é o maior prazer de eu ver minha filha casada. Ela levou 25 anos para casar, tem três filhos e graças a Deus, eu tive prazer e tenho prazer de eu ver minha filha casada e continua vivendo do cultivo da mandioca, na lavoura, na feira.”
A força da mandioca para o futuro
A produção artesanal de mandioca em Alcobaça não é apenas uma atividade econômica, mas também um elemento central da identidade cultural da região. Para essas comunidades, a mandioca é mais do que alimento; é sustento, história e resistência.
O fortalecimento das casas de farinha e das associações de pequenos produtores, como a da Comunidade Bom Jesus, é essencial para manter viva essa tradição, garantindo renda e dignidade às famílias que dela dependem. A mandioca segue como um símbolo de força e união, perpetuando-se como a base da agricultura familiar no Extremo Sul da Bahia.