Diretor de asilo é afastado pela Justiça suspeito de maus-tratos e abuso sexual em Porto Seguro
O diretor da Associação da Terceira Idade Doce Lar, localizada na Agrovila, zona rural de Porto Seguro, foi afastado do cargo por determinação da Justiça, após denúncias de agressões físicas, abusos sexuais e falta de higiene no local. Conforme decisão judicial, divulgada segunda-feira, 10 de outubro, Paulo Roberto Santos Leal ficará afastado até a conclusão das investigações.
Enquanto isso, a Prefeitura de Porto Seguro, através da Secretaria de Assistência Social, deverá assumir a direção do lar de idosos por um período de seis meses.
Em entrevista ao RADAR, o diretor afastado disse que já recorreu da decisão e vai provar que as denúncias não têm fundamento.
O asilo funciona desde 2020 e, atualmente, abriga 57 idosos, com idades de 60 a 105 anos, informou Paulo Roberto. Segundo ele, o lar de idosos não recebe recursos da prefeitura e é mantido com doações da população.
Apesar do afastamento do diretor, os dois filhos dele permanecerão trabalhando na Associação da Terceira Idade Doce Lar gradativamente. A filha é técnica em enfermagem e o filho, administrador.
DENÚNCIAS – De acordo com um documento enviado à Justiça pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) e pela Vigilância Sanitária de Porto Seguro, o asilo não tem alvará sanitário, nem funcionários suficientes para cuidar dos pacientes. Conforme o relato, idosos ficavam trancados na unidade e tinham que dividir itens básicos de higiene, como escovas de dente, além de comer alimentos fora do prazo de validade.
Ainda conforme acusações feitas no documento, pacientes eram sedados quando recebiam visitas para que eles não contassem a situação em que viviam.
O QUE DIZ O DIRETOR – Paulo Roberto relatou ao RADAR que, em maio deste ano, equipes da Vigilância Sanitária do município, Ministério Público e polícia estiveram no abrigo e, após inspeções, exigiram uma série de adequações no espaço, como a troca de colchões e troca de pallets onde eram armazenados os alimentos. Também solicitaram que uma determinada área fosse reformada.
Segundo o diretor afastado, os colchões e os pallets já foram trocados, mas a reforma ainda não pode ser concluída por falta de verba, pois o asilo depende de doações para se manter. A intenção, disse ele, era realizar as obras gradativamente, uma vez que a prefeitura não deu prazo para a conclusão da reforma.
Paulo Roberto negou as acusações de ocorrência de abuso sexual e de maus-tratos no abrigo de idosos, mas admitiu que havia alimentos vencidos quando houve a fiscalização no local, em maio.
Na ocasião, foram recolhidos alimentos com bicho e material de limpeza sem procedência. Ele explicou que os produtos de limpeza eram fabricados no próprio asilo.
SURTO DE COVID-19 – Em maio de 2020, o abrigo de idosos enfrentou um surto de coronavírus. Na época, oito acolhidos e uma funcionária tiveram diagnóstico positivo para Covid-19. Um dos idosos precisou ser hospitalizado após apresentar febre.