Futebol

De Betinho a Zé Roberto: estrela para marcar gols no Atlético-GO

11/09/2021 - 10h30Por: O Popular

Zé Roberto fez o primeiro gol do Atlético-GO na atual Série A, na vitória de 1 a 0 sobre o Corinthians, em São Paulo. Neste domingo, 12 de setembro, o atacante é esperança de mais gols no jogo em que a equipe atleticana busca quebrar uma sequência de seis jogos sem vencer em casa no torneio. Pela frente, o Dragão terá o embalado time corintiano, às 18h15, no Estádio Antonio Accioly.

Para superar o sistema defensivo do clube paulista, composto por jogadores como o goleiro Cássio, os laterais Fagner e Fábio Santos, o zagueiro João Victor (ex-Atlético), a aposta é de que o oportunismo, a presença de área e a estrela do atacante possam fazer a diferença.

Marcar gol em jogos importantes é uma especialidade do goleador do Dragão. Para Zé Roberto, gol é um cartão de apresentação e motivo de alegria. Como na adolescência, em Teixeira de Freitas (BA), onde nasceu, cresceu e marcou os primeiros gols. Detalhe: foram no futsal, terreno diferente, de espaços curtos e exigência de dribles rápidos.

À época, era chamado por Betinho, por causa do pai, também Zé Roberto, mais conhecido como Betão. Nas quadras, começou a reviravolta do menino. “Só comecei no campo aos 15 anos. Na escolinha em que jogava, houve um campeonato de futsal. Fiz 50 gols em dez partidas. Um treinador me convidou para treinar no campo. Três meses depois, outro treinador, de outra escolinha, me indicou para teste no Bahia”, detalha.

Tudo foi muito rápido para Betinho. Dos “campos meio queimados” onde atuava, teve de se mudar para Salvador. Opção era seguir no futebol, enquanto o pai, tesoureiro dos Correios, e a mãe, Carolina, à época trabalhando com transporte escolar, e mais três irmãos, torciam por Zé Roberto. “Quando saí (de casa), era eu e eu (risos). Não era mimado e nunca fui de choramingar. Cheguei ao Bahia e tive dificuldades no começo. O estilo de jogo no campo é diferente. Por causa do futsal, prendia muito a bola, era muito delegado”, reconhece o camisa 9.

Entre categoria de base (cinco anos), empréstimos e presença no time principal (três anos), foram cerca de oito temporadas no Bahia. Já era Zé Roberto. Foi emprestado a outro Bahia, o de Feira de Santana. Não atuou muito, mas entrou num jogo importante e sofreu o pênalti, na goleada (5 a 2) que o time baiano levou do São Paulo na Copa do Brasil 2012. Mais um empréstimo. Desta vez, para o Salgueiro-PE, na disputa da Série C 2014.

Vida difícil no semiárido do Nordeste. “Eram três dias de água. Em quatro, faltava. Tinha de guardar água”, recorda Zé Roberto, citando também a época em que conheceu os carros de bode, usados pelos moradores para buscar água e transportar outras coisas.

A fase inicial da carreira foi marcada pelas indefinições quanto à sequência. A reviravolta veio no amistoso internacional, na Fonte Nova, no dia 16 de janeiro de 2015. O Bahia perdia para o Shakhtar Donetsk (Ucrânia), do goleiro Pyatov (seleção ucraniana) e uma legião de brasileiros, como Luiz Adriano, Taison, Fred (seleção brasileira). O técnico Sergio Soares lançou o atacante no intervalo. A estrela brilhou. Fez os dois gols da virada baiana para 3 a 2.

“Este jogo mudou minha vida e os gols mudaram minha carreira.” No Bahia, foi bicampeão Baiano (2014 e 15) e vice da Copa do Nordeste (2015).

“É aquela história. Na vida, você tem de estar preparado para aproveitar a chance. A vida é como um jogo. Eu tinha uma boa vida em casa. Não era uma família rica, mas não faltava nada. Escolhi o futebol. Tinha de acreditar na minha escolha e em mim”, frisou o jogador.

Zé Roberto teve de bater asas. Rodou por interior paulista, Criciúma-SC e criou empatia com São Bento-SP e Mirassol-SP, com mais de uma presença em cada um. Teve incursão rápida pelo futebol asiático. Fez gols importantes no Daegu FC, campeão da Copa da Coreia do Sul 2018, mas se contundiu e não jogou as fases decisivas.

Voltou ao exterior, no início de 2020, quando saiu do Dragão e foi morar em Abu Dabi (capital dos Emirados Árabes Unidos), onde atuou por pouco tempo no Baniyas. Em culturas diferentes, teve de aprender o inglês. “Em Abu Dabi, é mais tranquilo. Eles entendem bem (o inglês). Consegui me adaptar. Garanto que não passei fome por não saber falar”, revelou.

Casamento marcado e projeto social na Bahia

Zé Roberto curte a carreira e a vida em Goiânia. Ele conheceu estilos musicais e artistas, como Léo Santana e Parangolé, na Bahia. Gosta do pagode e do sertanejo. Tem contato com a dupla Vitor e Luan. Curte o hit deles, “Localiza aí, BB”.

Ainda não pôde ir aos shows de outros cantores do gênero. “Gosto de música e sempre gostei de dançar. Sempre tive um astral elevado. Às vezes, quando perco um jogo, fico triste. Mas procuro mudar logo, deixar a tristeza de lado”, diz o jogador.

Na agenda, até o fim deste ano, um compromisso é inadiável. Zé Roberto vai se casar com Mariana no dia 11 de dezembro, logo após o fim da Série A. O casamento será em Teixeira de Freitas. O jogador sonha ser pai. Na cidade natal, Zé Roberto adquiriu um terreno onde pretende construir escolinha que terá um porcentual para crianças carentes. Pretende descobrir novos Betinhos. Por enquanto, a área é cuidada pela mãe, Carolina, agora administradora de loja de peças adquirida pelo filho.

A felicidade dele é jogar e fazer gol. O atacante não sabe quantos tem na carreira, mas calcula que caminha para 100 gols. Mas guarda as marcas importantes, como os dois gols da estreia, pelo Bahia (sobre o Shakhtar Donetsk), a “quadra” que fez pelo São Bento-SP, há dois anos, na goleada (4 a 2) sobre o Londrina-PR, na Série B 2019 – na volta, ele marcou mais duas vezes sobre o time paranaense, São Bento 4 a 1. Mas o clube de Sorocaba foi rebaixado à Série C 2020.

Ele também se destacou no último retorno ao Mirassol-SP, ano passado. Foi inscrito pelo clube no Paulistão e marcou dois gols que eliminaram o São Paulo nas quartas de final (3 a 2).

Logo depois, o presidente do Atlético-GO, Adson Batista, trouxe novamente o goleador, adquirindo 60% dos direitos econômicos e firmando contrato de três anos.

Zé Roberto tem marcas importantes no Dragão, como o gol do empate sobre o Flamengo – 1 a 1, no Rio. “Foi o meu primeiro gol no Maracanã”, citou. A principal lembrança será o gol sobre o Palestino (Chile), em Rancagua, no Estádio El Teniente. Vitória atleticana e primeiro gol do clube num jogo oficial fora do País. “Foi especial, marcante”, definiu, citando outro gol, no triunfo (2 a 1) sobre o Libertad (Paraguai). Foram dele, também, o gol da final do Goianão 2020 – o do tempo regulamentar (1 a 1, contra o Goianésia) – e a última cobrança de pênalti (Atlético 5 a 3).


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