História

Comércio dos Pretos: qual a verdadeira origem de Teixeira de Freitas que completa 36 anos hoje?

Praça da Bíblia, ano desconhecido/ Divulgada por CLey Brito

09/05/2021 - 08h00Por: SulbahiaNews/Débora Rezende

No ano de 1950, o humilde povoado que hoje tem o nome de Teixeira de Freitas, inicialmente formado por famílias de origem afro-brasileira, era conhecido  pelo nome de Comercinho dos Pretos ou Mandiocal. Nesse recorte histórico, o povoado não apresentava perspectiva de crescimento.

O povoado foi firmado à beira de uma estrada aberta por uma empresa madeireira, chamada Eleozippo Cunha, que partiu do município de Nova Viçosa-BA, e explorava madeiras de lei nos municípios de Alcobaça e Caravelas.

As quatro primeiras barracas que iniciaram a povoação, eram feitas de pedaços de madeiras, palhas e taipas, e na época não chamava a atenção dos pesquisadores.

Mário Augusto Teixeira de Freitas (Foto de arquivo do IBGE)

Vale registrar que naquela década de 50, a comunidade não passava de 30 ou 50 habitantes, assim Teixeira de Freitas surgiu e cresceu despercebida.

Em pouco tempo, o pequeno povoado se destacou no mapa econômico da Bahia, e se transformou em um dos mais importantes aglomerados urbanos e referência no desenvolvimento do estado.

Segundo o primeiro policial rodoviário federal de Teixeira, Domingos Cajueiro Correia, ao visitar Caravelas anualmente, durante o Carnaval, ao adentrar o Porto Marítimo com seu pai, Isael de Freitas Correia, ouvia histórias sobre  a origem de Teixeira de Freitas, formada por descendentes de famílias de origem negra.

Avenida Marechal Castelo Branco, década de 70/ Foto de Marcos Rodrigues Santos

Isael relatava que seu bisavô, Manoel Félix Correia, veio de Salvador para a região em um compartimento para escravos, em um navio que naquela época chamava-se vapor, supostamente o Canavieiras tocado a lenha ou o Cachoeira tocado a Diesel,  e foi se estabelecer nas matas, hoje fazendas: Araras, Imbiribeira ou a antiga Oiticica de 1800.

Naquela época, tudo eram florestas, mas já existiam as famílias ribeirinhas as margens do Rio Itanhém que tinha à alcunha de Alcobaça, em 1934 na atual Praça dos Leões “MARCO ZERO DO POVOAMENTO” homens negros oriundos de um lugar por nome Japira permaneciam alojados por dois ou três meses no centro da cidade, vestidos de short, facão na cintura e falando embolado.

Cajueiro conta que sua infância, já no final da década de 50, as casas de taipa, cobertas de palhas lhe chamavam, o sol esquentava as palhas de Inaiá que as cobriam e se arrepiava, ele também recorda da igrejinha do padroeiro Santo Antônio feita de madeiras, localizado nos arredores da Praça Castro Alves, atualmente Praça dos Leões.

Família Freitas Correia

Aos 36 anos de emancipação política completados neste domingo, 9 de maio, as homenagens são também direcionadas aos descendentes do Comercinho, em especial ao Sr. Isael, que chegou a Teixeira em 1922 com 6 anos de idade (Fazenda Nova América), e que em suas viagens no Trem de Ferro ficava encantado com a cidade de Teófilo Otoni-MG e tinha um sonho de que um dia a região se transformaria numa cidade daquela pujança.

Homenagem aos senhores: Hermegildo Félix de Almeida, Manoel de Etelvina, Júlio José de Oliveira, Francisco Silva (Chico D’Água) dentre outros.


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Coluna
Fatos Históricos

Domingos Cajueiro Correia, de 65 anos, é o primeiro policial rodoviário a se formar no município. Ele faz parte de uma família que leva consigo a história de Teixeira de Freitas, desde quando era um pequeno povoado até a sua criação, e que contribuiu para o desenvolvimento do município. Hoje, além de atuar nas rodovias, ele dedica seu tempo para contar relatos narrados por seus familiares. Aproveitem este espaço que vai mostrar curiosidades que muitos teixeirenses desconhecem.

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