Saúde

Dr. Everton Sandes alerta para banalização das cirurgias de catarata após mutirão que deixou pacientes cegos no RN

17/10/2024 - 11h41Por: Sulbahianews

O Dr. Everton Sandes, renomado oftalmologista, comentou o caso sobre o recente mutirão de cirurgias de catarata realizado na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, em Parelhas, no Rio Grande do Norte. O evento, que ocorreu nos dias 27 e 28 de setembro, deixou graves consequências para oito dos 15 pacientes que tiveram complicações pós-operatórias. Eles precisaram ter o globo ocular afetado removido, uma situação que chocou a população e chamou a atenção para as condições em que os procedimentos foram realizados.

Segundo informações confirmadas pela Secretaria de Saúde do município nesta terça-feira, 15 de outubro, o mutirão atendeu 48 pessoas, sendo 20 no primeiro dia e 28 no segundo. As complicações, no entanto, levantam questionamentos sobre a adequação do local e os cuidados tomados antes, durante e após as cirurgias.

Dr. Everton Sandes, sócio-proprietário do Centro Oftalmológico Especializado (COE), destacou que a catarata é uma cirurgia altamente complexa e que não deve ser banalizada, como, segundo ele, tem ocorrido em mutirões como este. “Estamos transformando a cirurgia de catarata em algo banal, quando, na verdade, é um procedimento delicado, que exige um ambiente adequado e profissionais qualificados. Nesse caso, a maternidade onde o mutirão foi realizado estava desapropriada para tais cirurgias”, afirmou.

O oftalmologista ainda ressaltou a importância do rigor nos cuidados pós-operatórios, especialmente nos primeiros 20 dias, quando o risco de infecção é maior. “O olho é extremamente sensível e não suporta a presença de bactérias. Qualquer falha no protocolo, seja no pré, no trans ou no pós-operatório, pode levar a complicações graves, como a perda da visão”, alertou.

A fala do médico evidencia a preocupação com a maneira como as cirurgias de catarata vêm sendo realizadas em mutirões, que, apesar de acessíveis para a população, podem expor os pacientes a riscos elevados caso não sejam seguidos os devidos protocolos. “Olhos são vidas, e vidas são importantes. Não podemos continuar banalizando um procedimento tão sério”, concluiu Dr. Sandes, alertando para a necessidade de reavaliação dessas ações em saúde pública.


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