Avião que caiu em Vinhedo apresentou problemas após decolar de Teixeira de Freitas para Salvador

O avião turboélice modelo ATR-72-500 da Voepass, prefixo PS-VPB, que caiu repentinamente na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, matando todos os 62 ocupantes, causou problemas após realizar uma rota entre Teixeira de Freitas e Salvador.
De acordo com dados obtidos em sites de órgãos oficiais, a aeronave vem apresentando uma série de paradas para manutenção desde o dia 11 de março. Há poucos dias, o avião havia decolado de Teixeira de Freitas com destino à capital baiana.
O voo foi registrado pelo canal Trip Report – Alberto Videos no YouTube, que publicou um vídeo da viagem em 10 de março.
Segundo um relatório oficial, o ATR apresentou problemas no sistema hidráulico durante o voo entre Salvador e Recife. Houve também um “contato anormal” da aeronave com a pista durante o pouso. O Fantástico apurou que foi contato foi um choque da cauda do avião com a pista, causando um “dano estrutural” na aeronave, conforme relatado no sistema de manutenção da empresa.
Após o incidente, a aeronave ficou estacionada na capital baiana por 17 dias, até o dia 28 de março, quando voou para passar por concertos na oficina da Voepass, em Ribeirão Preto (SP).
O avião voltou a voar comercialmente apenas no dia 9 de julho, mais de três meses depois. Na primeira rota, de Ribeirão Preto para Guarulhos, ocorreu uma despressurização em voo, forçando o retorno do ATR, sem passageiros, para Ribeirão Preto, onde ficou parado por mais quatro dias para reparos.
No dia 13 de julho, a aeronave finalmente retomou as atividades, até cair na última sexta-feira.
Um dia antes do acidente, a jornalista Daniela Arbex relatou em suas redes sociais que o ar condicionado da aeronave não estava funcionando. Segundo ela, os passageiros tentaram se refrescar como podiam, e um homem chegou a tirar a camisa por causa do calor.
“Fiquei muito angustiada diante daquela situação, porque pensei: ‘se eles não são capazes de fazer uma manutenção adequada num simples ar-condicionado, será que esse voo é seguro?’”, comentou Arbex.
O que diz a Voepass
O Fantástico questionou a Voepass Linhas Aéreas sobre as ocorrências que levaram a aeronave a passar por diversas manutenções antes do acidente. A empresa respondeu que as informações relacionadas com a investigação são restritas à Aeronáutica e outras autoridades competentes.
A Voepass não se manifestou sobre a declaração de um dos mais experientes pilotos da ATR do Brasil, que afirmou que uma espécie de palito foi improvisada durante uma manutenção.
Sobre o dispositivo antigelo e o ar condicionado, a companhia afirmou que o ATR era “aeronavegável”, com todos os sistemas exigidos em funcionamento, cumprindo os requisitos e exigências das autoridades.
A Voepass ressaltou que cumpre e respeita as legislações trabalhistas e que, neste momento de dor, seu principal esforço é apoiar e dar assistência às famílias dos passageiros e tripulantes que estavam a bordo.