Velhos caminhos, caminhões e caminhoneiros
Um velho romancista escreveu em um de seus livros, que “Todas as histórias começam no início ou final de alguma estrada”. A abertura de estradas foi o passo inicial para o surgimento das civilizações. E aqui em nosso Extremo Sul baiano não foi diferente. Depois que o rio mostrou-se ineficiente para o alcance a todos os lugares, foram sendo abertas picadas na mata e surgindo as encruzilhadas, que abrigaram os primeiros arraiais, semente de inúmeras cidades. Assim como Teixeira de Freitas.
Depois de décadas utilizando o Rio Itanhém como ligação entre o povoado e a civilização, chegou a hora das estradas. A primeira ligava a Fazenda Cascata a Caravelas. Surgiu também a ligação entre Medeiros Neto e Nanuque. Nanuque a Alcobaça. Nanuque a Nova Viçosa. E Caravelas ao Prado. A mata, outrora silenciosa e só despertada com o canto dos pássaros, passou a ouvir o rugido forte dos velhos motores. Os caminhões estavam chegando.
Quem foram os primeiros a enfrentar um “caudaléu” de buracos e chegar aqui? Moradores mais antigos dizem que era um caminhão de focinho imenso e motor tão barulhento que parecia um troar de canhões em auge de batalha campal. Só poderia ser o Berliet. Caminhão francês que era respeitado pela força e resistência. Depois chegaram os Studebacker, Munck, Skoda e, finalmente o que integrou-se tanto à nossa paisagem que passou a ser lugar comum: O Mercedes Benz.
Todo mundo queria ser caminhoneiro e todo menino sonhava com isso. Os caminhoneiros conquistavam fáceis as mulheres, que viam neles a realização do sonho de sair da prisão doméstica e marasmo local e ganhar o mundo.
As velhas histórias, como os causos envolvendo Manoel de Etelvina, aconteceram em espaços cheios de caminhoneiros.
E chegaram os ônibus. No início eram pequenos, apertados, barulhentos e lentos. Como estávamos na era do “homem cordial” as pessoas se cumprimentavam, davam amistosamente o lugar para os mais velhos e as mulheres e ajudavam o motorista quando o bicho atolava. Uma viagem de 100 quilômetros levava um dia. Mas ninguém reclamava. Tudo era festa. Tudo era aventura. Tudo era aceitável.
E os ônibus chegaram a Teixeira de Freitas. Primeiro passavam por aqui, para ganhar Alcobaça ou Caravelas. Paravam ali no Barro Vermelho, em Ponto de Parada de Osair Nascimento, que vendia café, chimango, miúdos de porco e pastel. Muitos compravam um pouco mais para degustar a bordo enquanto apreciavam a paisagem. As mocinhas ficam todas eriçadas, quando viajava um rapaz bonito. E muitos olhares trocados furtivamente se transformaram em casamento. Outros em casos sérios de violência, envolvendo maridos traídos.
Nos nossos rastros de história, ao longo de todas as estradas, os velhos caminhões e ônibus têm o seu lugar. Deixaram leu legado.
Oportunidades de emprego:
Fatos Históricos
Domingos Cajueiro Correia, de 65 anos, é o primeiro policial rodoviário a se formar no município. Ele faz parte de uma família que leva consigo a história de Teixeira de Freitas, desde quando era um pequeno povoado até a sua criação, e que contribuiu para o desenvolvimento do município. Hoje, além de atuar nas rodovias, ele dedica seu tempo para contar relatos narrados por seus familiares. Aproveitem este espaço que vai mostrar curiosidades que muitos teixeirenses desconhecem.
Veja mais textos