Mulher que gravou e divulgou agressões do marido faz vaquinha para se sustentar após sair de casa
A jovem de 25 anos que aparece em um vídeo sendo espancada pelo marido dentro da própria casa, no distrito de Arraial d’Ajuda, em Porto Seguro, está fazendo uma vaquinha para ajudar no sustento dela e das duas filhas, de 3 e 7 anos.
“Preciso de ajuda, pois eu não posso trabalhar e, no momento, a única pessoa que está trabalhando na casa onde estou é minha mãe”, explicou Beatriz Rufino dos Santos, em entrevista ao Radar News.
Indígena da etnia Pataxó, ela teve que se mudar da casa do então companheiro, o comerciante Alan Cerqueira, de 30 anos, após divulgar o vídeo nas redes sociais, na última sexta-feira, 25. Dono de uma pizzaria em Arraial d’Ajuda, era ele quem sustentava a mulher e as duas crianças, sendo que a mais nova é filha dele e a mais velha, fruto de um relacionamento anterior de Beatriz.
DEPENDÊNCIA FINANCEIRA
De uma hora para outra, a vítima perdeu sua fonte de sustento. Ela está desempregada porque, conforme depoimento à polícia, Alan a impedia de trabalhar e até de visitar familiares. Segundo a jovem relatou na Delegacia da Mulher (Deam), o comerciante se valia de sua condição financeira para mantê-la numa relação abusiva.
Beatriz também precisa de ajuda financeira para construir ao menos um quarto para ela e as duas filhas pequenas na casa de familiares, para onde se mudou.
Quem quiser ajudar a jovem, pode doar através do link da Vaquinha ou pela chave 17255555730, em nome de Beatriz Rufino dos Santos.
ALÍVIO
A vítima revelou ao Radar News que, apesar das dificuldades financeiras, se sente aliviada por ter dado fim às agressões físicas e psicológicas a que era submetida quase que diariamente, e há muito tempo. A jovem disse que tanto ela, quanto as duas filhas, estão fazendo tratamento psicológico.
PRISÃO PREVENTIVA
A titular da Deam, delegada Elizabeth Salvadeu, acredita que a prisão preventiva de Alan Cerqueira deve ser decretada pela Justiça nesta terça-feira, 29. O pedido foi realizado na última sexta-feira, 25, à 2ª Vara Crime de Porto Seguro, mas até a manhã desta terça ainda não havia sido ordenada.
O comerciante é procurado pela polícia desde que a denúncia veio a público por meio do vídeo que a vítima postou em suas redes sociais. A pizzaria da qual é proprietário não abriu desde então.
VÍDEO FOI GRAVADO MESES ANTES DA POSTAGEM
As agressões, cujas imagens repercutiram em toda a Bahia, foram gravadas por um celular que Beatriz escondeu em cima de um móvel no quarto do casal meses antes e que preferiu guardar o arquivo no próprio aparelho. No entanto, ao sofrer outra agressão e cansada de apanhar, criou coragem e resolveu fazer a publicação em sua rede social.
As imagens mostram que durante as agressões a filha do casal, de três anos, tentou proteger a mãe e acabou sendo prensada contra ela pelo marido. Ao tomar conhecimento da postagem, o homem chegou a quebrar o telefone da companheira, mas não conseguiu deletar o post, onde a mulher faz um relato desesperador.
Beatriz e Alan moravam juntos havia mais de quatro anos. Segundo a vítima, as agressões eram sempre motivadas por ciúmes.
Violência contra mulheres pode ser denunciada pelo Disque 100, além dos telefones 181 e 190. A vítima agredida pode também procurar qualquer delegacia.