A comovente história de uma catadora de material reciclável de Teixeira
Sebastiana de Moraes Mota, mais conhecida como “Aninha”, é catadora de material reciclado há 4 anos em Teixeira de Freitas.
Hoje, além de artesã, ela está à frente da Associação de Catadores de Lixo da cidade, que conta com 49 membros registrados em Ata, tendo em vista 200 catadores querendo se filiar.
Durante uma entrevista ao programa daHora, no Extremus21 TV, Aninha, que é dona de casa, contou que fez diversos cursos de artesanato, mas não tinha dinheiro para investir na profissão e precisava sustentar os quatro filhos.
Foi quando soube que o Aterro Sanitário era aberto ao público, e decidiu trabalhar para comprar material e fazer a reciclagem. Com dois anos trabalhando como catadora, ‘Aninha’ descobriu que existia uma associação destinada aos catadores de lixo que estava falida. A artesã, que sempre esteve à frente de seus colegas, buscando melhorias para o trabalho no ‘lixão’, recebeu o convite do antigo presidente para se tornar membra da classe, e, durante uma votação, ela foi empossada presidente por unanimidade.
Aninha explica que as condições de trabalho são sub-humanas, alguns dos catadores saem às 5 horas e só retornam para casa à noite, quando conseguem dinheiro para comprar o alimento do dia.
O grupo recolhe papelão, latinhas, cobre, ferro, alumínio, e com muito esforço e trabalho constante, consegue faturar em média R$ 300 à R$ 400,00 ao mês. “Muitos trabalham o dia inteiro juntando latinhas pra ganhar R$ 8,00 ou R$ 10,00 no dia e é com isso que tem que sobreviver”, disse.
Conforme Aninha, um estudo feito na cidade diz que se houvesse um galpão para coleta de lixo, cada catador conseguiria pelo menos R$ 1 mil por mês. Nestes dois anos à frente da Associação, Aninha luta para que os catadores sejam contemplados com esse projeto.
Em relação ao lixo, a catadora disse que nestes anos de trabalho encontrou de tudo no ‘Lixão’. “Não tem como fazer uma coleta seletiva, encontramos animais mortos e por não ter equipamentos adequados para a coleta, nós somos expostos a todos os tipos de doenças”.
Emocionada, Aninha disse que já se deparou com mulheres grávidas que não tinham o que comer no final do dia, porque não tiveram condições de recolher uma quantidade significativa de latinhas. Segundo ela, houve uma vez que uma gestante comeu apenas pipoca no jantar, porque havia encontrado sobras de milhos no lixo.
Dos mais diversos casos sub-humanos, Aninha relatou que um catador pisou em um prego enferrujado e precisou amputar o pé e, posteriormente, a perna, pois uma grave infecção havia se espalhado.
“Devemos ajudar e não julgar, porque somos todos seres humanos, se você fazer sua parte em separar o lixo corretamente, estará ajudando não apenas o meio ambiente, mas, a todas as pessoas que dedicam seus dias buscando o sustento de suas famílias no lixo”, concluiu Aninha.