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35º Arraiá do Chapéu Velho – Conheça mais sobre o espaço cultural Paulino Amaral

26/06/2023 - 16h25Por: Léo Amaral

Todo o Extremo Sul da Bahia sabe que o São João de Itupeva é uma das festas mais tradicionais da região e a cada ano o número de visitantes que vão ao distrito medeirense prestigiar o arraiá só aumenta, assim como também a sua fama. O Arraiá do Chapéu Velho é a festa mais esperada pelos itupevenses, seja para aqueles que residem na localidade ou para os que hoje vivem em outras regiões do país. Um São João vivo na memória, na cultura e no cotidiano daqueles que compartilham tal identidade.

Neste ano de 2023, o Arraiá do Chapéu Velho trouxe uma novidade que foi a homenagem a famílias e moradores que marcaram a história deste distrito. Na ornamentação, os nomes de pessoas que não estão mais entre nós, fez o povo rememorar as vidas e feitos destas pessoas, sua importância para as famílias e habitantes do lugar, cujo carinho e respeito ainda presentes, por seu exemplo de vida, por sua contribuição na cultura e nas histórias deste recanto denotam a riqueza de relações e elos identitários que constituem os aspectos socioculturais da sociedade itupevense.

Além desta marcante homenagem aos ilustres de Itupeva, tivemos também uma singular honraria ao Sr. Paulino Amaral, com a entrega oficial do Espaço Cultural que recebeu o seu nome, ambiente onde todos os anos a festa é realizada. A exemplo de muitos outros moradores de Itupeva, Paulino Amaral viera pra Itupeva ainda nas primeiras décadas de existência do lugar. Vindo da zona rural de Jordânia (também conhecida como Palestina Mineira), na divisa entre Bahia e Minas Gerais, Paulino Amaral se dirigira para esta região em busca de novas paragens. Trabalhou como vaqueiro e depois se tornou pequeno proprietário de terras. Casou-se com Tereza Amaral, com quem constituiu uma família de onze filhos.

Por aqui realizou inúmeros negócios como a venda de porcos, gado, queijo, entre outros itens.

No entanto, seu Paulino era conhecido mesmo pelas amizades que cultivava. Morador da Praça Principal (lugar de realização de uma das festas juninas mais importantes do Extremo Sul da Bahia), ali mesmo este ilustre morador de Itupeva festejou o São João na companhia de familiares e amigos. Em sua casa não podia faltar os tradicionais biscoitos de São João, leitoa assada e galinha caipira (sempre criados em sua rocinha, distante 12Km de Itupeva). Seus hospedes, geralmente parentes e amigos, aproveitavam o que há de melhor no São João de Itupeva, que são: o forró, a comida e as amizades.

Em seu dia a dia, Paulino gostava de circular pelas ruas do povoado e tinha como ponto certo para encontrar os amigos a venda do Sr. Oscar e também a do Sr. Nozinho, além da farmácia do Sr. Jacó, dentre outros. Seu Paulino cultivou amizades por toda Itupeva e era querido por todos. Sua rotina também incluía sentar-se à calçada de sua casa para pegar uma fresca e observar os transeuntes que passavam pela área que hoje recebe o seu nome. Era comum ver as pessoas dali ou mesmo visitantes passarem em sua casa para um dedinho de prosa, em virtude das boas amizades que eram cultivadas com seu Paulino e da hospitalidade de sua casa. O que ocorria em Itupeva também se reproduzia em sua casa na roça. Quando para lá se dirigia, na sua humilde casa feita de barro batido e iluminada por luz de candeeiro, era comum a chegada de visitantes que eram sempre recebidos de forma hospitaleira, cujas visitas rendiam horas e horas de conversas e causos, coisa que seu Paulino fazia de forma muito espontânea. Pode-se dizer que sua arte era prosear e contar causos, fosse na roça ou na calçada de sua casa no vilarejo.

Também era de praxe suas idas a Medeiros Neto ou Nanuque a fim de encontrar amigos e parentes. Em Medeiros Neto ele gostava de frequentar o Mercado Municipal para apreciar a boa comida e amizades de muitos anos. Seu Paulino tinha um talento nato para fazer amizades, pois mesmo quando se encontrava em algum lugar que não tinha conhecidos, não demorava 15 minutos para que se fizesse uma nova amizade ali mesmo.

A justa homenagem promovida pelo prefeito de Medeiros Neto, Beto Pinto e pelo vereador Cristiano Alves refletem a capacidade que Paulino Amaral teve de cultivar boas amizades e respeitar a todos que conhecia. Sua trajetória é marcada por seu caráter, honestidade e solidariedade, e por isso mesmo, admirado pelos moradores deste lugar, em sua maioria amigos e conhecidos. Além disso, tal reconhecimento diz muito sobre o povo itupevense, já que é uma característica das pessoas de Itupeva a hospitalidade, a solidariedade, a boa conversa e, principalmente, o cultivo de boas amizades. Neste sentido, podemos afirmar que o São João de Itupeva é uma festa de celebração da amizade, do reencontro de velhos amigos e parentes, bem como da construção de novas amizades.

VIVA A AMIZADE!
VIVA ITUPEVA!
VIVA SÃO JOÃO!
VIVA O ARRAIÁ DO CHAPÉU VELHO!


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Coluna
Fatos Históricos

Domingos Cajueiro Correia, de 65 anos, é o primeiro policial rodoviário a se formar no município. Ele faz parte de uma família que leva consigo a história de Teixeira de Freitas, desde quando era um pequeno povoado até a sua criação, e que contribuiu para o desenvolvimento do município. Hoje, além de atuar nas rodovias, ele dedica seu tempo para contar relatos narrados por seus familiares. Aproveitem este espaço que vai mostrar curiosidades que muitos teixeirenses desconhecem.

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